OUTROS TEXTOS: MC 1.9-11; LC 3.21-23 E JO 1.15-34.
Introdução:
No auge da sua fama, João um dia ergueu suas mãos e dirigindo-se a todos exclamou: Eis aí o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Jesus tinha vindo, fora batizado por João que, reconhecendo o Mestre, deu-lhe primazia: daí por diante, com humildade tomou o segundo lugar. Aquele que viera ao rio como “o carpinteiro” saiu das águas como Messias, e a voz de Deus proclamou dos céus, “Este é o meu filho amado em que me comprazo”.
I – BATISMO DE JESUS (Mt 3.13-17).
As condescendências da graça de Cristo são tão maravilhosas que ainda os crentes mais firmes podem apenas acreditar nelas no princípio; tão profundas e misteriosas que ainda os que conhecem bem sua mente estão prontos a oferecer objeções contra a vontade de Cristo. Os que têm muito do Espírito de Deus, enquanto estão aqui vêem que necessitam pedir mais de Cristo. João Não nega que tinha necessidade de ser batizado por Jesus, contudo o Salvador declara que deve ser batizado por João. Cristo está agora em estado de humilhação. Nosso Senhor Jesus considerou conveniente, para cumprir toda justiça, apropriar-se de cada instituição divina, e mostrar sua disposição para cumprir com todos os preceitos justos de Deus.
Em Cristo e por meio dEle, os céus estão abertos para os filhos dos homens. Esta descida do Espírito sobre Cristo demonstra que estava dotado sem medida do poder de Deus.
No batismo de Cristo houve uma manifestação das três Pessoas da Santa Trindade. O Pai confirmando o Filho como Mediador; o Filho que solenemente se encarrega da obra; o Espírito Santo que desce sobre Ele para ser comunicado ao povo por seu intermédio. NEle são aceitáveis nossos sacrifícios espirituais, porque Ele é o altar que santifica todo dom (1Pedro 2.5). Fora de Cristo, Deus é fogo consumidor; em Cristo, um Pai reconciliado. Este é o resumo do evangelho, o qual devemos abraçar jubilosamente pela fé.
II – TENTAÇÃO NO DESERTO (Ler Mt 4.1-11).
Com referência à tentação de Cristo, observe-se que foi tentado imediatamente depois de ser declarado Filho de Deus e Salvador do mundo; os grandes privilégios e os sinais especiais do favor divino não asseguram a ninguém que não será tentado. Mas se o Espírito Santo dá testemunho de que temos sido adotados como filhos de Deus, isso responderá todas as sugestões do espírito mau.
Cristo foi levado pelo Espírito Santo ao combate. Se fizermos ostentação de nossa própria força, e desafiarmos o diabo a tentar-nos, poderemos ficar sem a força de Deus. Outros são tentados, quando são desviados por sua própria concupiscência, e são seduzidos (Tiago 1.14); porém nosso Senhor Jesus não tinha natureza corrupta, portanto Ele foi tentado somente pelo diabo. Manifesta-se na tentação de Cristo que nosso inimigo é sutil, mal-intencionado e muito atrevido, mas podemos resisti-lo. Consolo para nós é o fato de que Cristo sofreu sendo tentado, pois, assim, se manifesta que nossas tentações, enquanto não cedamos a elas, não são pecado e são somente aflições. Em todas suas tentações, Satanás atacava para que Cristo pecasse contra Deus.
1) O tentou a desacreditar da bondade de seu Pai, e a desconfiar do cuidado de seu Pai. Uma das tretas de Satanás é tirar vantagem de nossa condição externa; e os que são colocados em apertos devem duplicar sua guarda. Cristo respondeu todas as tentações de Satanás com uma frase "Está escrito", para dar-nos o exemplo a basear nossas vidas ao que está escrito na Bíblia. Nós devemos adotar este método cada vez que formos tentados a pecar. Aprendamos a não seguir rumos errados a nossa provisão, quando nossas necessidades são sempre tão urgentes: o Senhor proverá de uma ou de outra forma.
2) Satanás tentou Cristo a que presumisse do poder e proteção de seu Pai em matéria de seguridade. Não há extremos mais perigosos que o desespero e a presunção, especialmente no que diz respeito aos assuntos de nossa alma. Satanás não objeta lugares sagrados como cenário de seus assaltos. Não baixemos a guarda em lugar nenhum. A cidade santa é o lugar onde, com a maior vantagem, tenta aos homens ao orgulho e à presunção. Todos os elevados são lugares escorregadios; o avanço no mundo faz do homem um alvo para que Satanás dispare suas setas de fogo. Satanás está tão bem versado nas Escrituras que é capaz de citá-las facilmente? Sim, ele está. É possível que um homem tenha sua cabeça cheia de noções das Escrituras, e sua boca cheia de expressões das Escrituras, enquanto seu coração está cheio de forte inimizade contra Deus e contra toda bondade. Satanás citou mal as palavras. Se nós sairmos de nosso caminho, fora da senda de nosso dever, abandonamos a promessa e nos colocamos fora da proteção de Deus.
3) Satanás tentou a Cristo na idolatria com o oferecimento dos reinos do mundo e a glória deles. A glória do mundo é a tentação mais encantadora para quem não pensa e não percebe; isto é o que mais facilmente vence aos homens. Cristo foi tentado a adorar Satanás. Rejeitou com aborrecimento a proposta. "Retire-se, Satanás!". Algumas tentações são abertamente más; e não são para serem simplesmente resistidas, senão para serem rejeitadas de imediato. Bom é ser rápido e firme para resistir a tentação. Se resistirmos o diabo, ele fugirá de nós. Mas a alma que delibera está quase vencida. Encontramos somente uns poucos que podem rejeitar resolutamente tais iscas, como as que oferece Satanás, embora de que aproveita a um homem se ganhar o mundo e perder sua alma? Cristo foi socorrido depois da tentação para estimulá-lo a continuar em seu esforço, e para estimular-nos a confiarmos nEle, porque soube, por experiência, o que é sofrer sendo tentado, de modo que sabia o que é ser socorrido na tentação; portanto, podemos esperar não só que sinta por seu povo tentado, senão que venha com o oportuno socorro.
Conclusão (Ler Mt 4.12-17):
Após ouvir que João havia sido preso Jesus voltou para Galiléia. Justo é que Deus retire o evangelho e os meios de graça dos que os desprezam e os lançam de si. Cristo não ficará muito tempo onde não seja bem-vindo. Os que estão sem Cristo estão nas trevas. Estão instalados nessa condição, numa postura comprazida; a escolhem antes que a luz; são voluntariamente ignorantes. Quando chega o evangelho, vem a luz; quando este chega a qualquer parte, quando chega a uma alma, aí se faz o dia. A luz revela e dirige; assim o faz o evangelho.
A doutrina do arrependimento é boa doutrina do evangelho. Não somente o austero João Batista, senão o bondoso Jesus pregou o arrependimento. Ainda existe a mesma razão para fazê-lo assim.
Não se reconheceu por completo que o Reino dos Céus tinha chegado até a vinda do Espírito Santo, depois da ascensão de Cristo.
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