segunda-feira, 8 de setembro de 2008

OS DESAFIOS DO BRASIL


Para levar os crentes a testemunharem com ousadia e coragem onde estão e através dos campos, conheça os múltiplos desafios do Brasil.

1.O BRASIL DOS POVOS NÃO-ALCANÇADOS

O Brasil é um país de extrema riqueza étnica. As nações indígenas, européias e africanas têm produzido em nossa nação uma variedade e complexidade cultural igualadas por poucos países modernos.
Mais da metade do nosso povo é de origem européia (53%): portugueses, italianos, espanhóis e alemães. Outro segmento da nossa população é de origem africana (11%). Mais de um terço de nós, somos uma mistura de sangue europeu, africano e índio (34,8%). Entre esses três tipos o evangelho tem encontrado bastante receptividade. No entanto, o mesmo não acontece com os outros povos étnicos do Brasil. Há muitos povos dentro do Brasil que ainda não ouviram sobre Jesus e não possuem nenhuma parte da Palavra de Deus traduzida para sua língua. Em alguns casos, a resistência ao evangelho tem sido tão grande que eles não têm um igreja forte o suficiente para alcançar o restante do povo. Os principais povos não-alcançados do Brasil são os: indígenas, orientais e os muçulmanos.
Povos Indígenas - Hoje há no Brasil cerca de 315 mil índios espalhados em 251 tribos. Nenhuma dessas tribos possui a Bíblia completa em sua própria língua! Apenas 129 delas têm tido contato com o evangelho através de missionários evangélicos. Este complicado quadro acontece pelo resultado de três barreiras:
Barreira lingüística - Entre as tribos indígenas, fala-se mais de 180 línguas diferentes. Apenas 34 têm o Novo Testamento. Precisamos de mais obreiros dispostos a traduzir a Bíblia para as línguas indígenas. Isso exige muita dedicação e paciência, mas é imprescindível que o povo ouça e cresça na Palavra de Deus.
Barreira Geográfica - na maioria dos casos as tribos residem em áreas de difícil acesso, longe de cidades modernas ou até mesmo de estradas.Barreira Política - a postura atual da FUNAI é a de vetar a entrada de missionários em muitas tribos.
Povos Orientais - A maior concentração de japoneses, fora do Japão, está no Brasil. Mais de um 1.400.000 japoneses, estão espalhados pelo Brasil todo, especialmente no interior do Estado de São Paulo. Um percentual muito alto dos japoneses é católico (60%). São poucas as missões que focalizam os japoneses, que hoje só contam com 80 igrejas evangélicas e 7 mil crentes adultos (menos de 1% da comunidade toda).Mais de 160.000 chineses moram no Brasil. Comparados aos grandes avanços do Evangelho na China, este povo tem mostrado pouca receptividade no Brasil.
Povos Muçulmanos - Talvez o povo mais resistente ao Evangelho, os muçulmanos têm imigrado ao Brasil principalmente do Oriente Médio. Crentes em Ala (Deus), o Alcorão (seu livro sagrado) e em Maomé (seu profeta), os muçulmanos negam a divindade de Jesus e até mesmo sua morte na cruz. Em 1980, o censo do IBGE mostrou que no Estado de São Paulo havia 5.427 libaneses e 1.950 sírios. Mas parece que dos anos 80 para cá, houve um crescimento significativo de árabes muçulmanos. E ninguém sabe ao certo quantos há no Brasil hoje. Uma reportagem na TV Globo em 1993 constatou a presença de pelo menos 55 mesquitas no Brasil. Muitos acham que hoje existam muito mais do que isso. Vindos da Síria, da Arábia Saudita, do Líbano e da Palestina, os árabes muçulmanos já se dedicaram a espalhar o islamismo aqui no Brasil. Muitas vezes é possível ver missionários muçulmanos nas rodoviárias e aeroportos brasileiros fazendo suas orações voltados para Meca. Em 1993 os muçulmanos compraram um sítio em São Bernardo para construção de um “Centro Latino-Americano para o Treinamento de Missionários Muçulmanos”. Seguindo um plano ambicioso de islamizar a América Latina, virão missionários muçulmanos de muitos países árabes para serem treinados e enviados pelo continente. No Brasil os maiores redutos de árabes muçulmanos ficam em São Paulo, Belo Horizonte e Foz do Iguaçu.

2.O BRASIL NÃO EVANGELIZADO

Havia muita controvérsia sobre quantos evangélicos existiam no Brasil. Alguns líderes afirmavam que no Brasil havia 35 milhões, 40 milhões e até 50 milhões de evangélicos.
Mas segundo dados do Censo 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, apenas 26,1 milhões de brasileiros se declararam evangélicos. Esses números nos dão uma idéia mais clara do tamanho da Igreja Evangélica do Brasil e devem nos conscientizar de que, apesar do grande crescimento da igreja evangélica, o Brasil, não pode se considerar ainda um país totalmente evangelizado.
O Crescimento da Igreja Evangélica no Brasil - Agradecemos a Deus o extraordinário crescimento que Ele tem dado à Igreja Evangélica no Brasil! Houve um crescimento de 71% em relação ao Censo de 1991. Dos 169.799.170 brasileiros, 15,4% declaram que Jesus Cristo é o Senhor. Um crescimento impressionante, principalmente se considerar-mos que há pouco mais de 100 anos, dos 14 milhões de brasileiros entrevistados no Censo de 1890, menos de 150 mil, 1% da população, se declaravam evangélicos.
Os dados divulgados pelo IBGE no dia oito de maio, apresentaram algumas novidades, mas no geral só veio a confirmar o que nós já sabíamos: os evangélicos estão avançando.
A presença evangélica no país não é igual em todas as regiões - A pesquisa revelou que o crescimento evangélico é maior na cidade que no campo; e menor no Nordeste e no Sul, que nas demais regiões do país. O Norte e o Centro-Oeste são as regiões que apresentam as maiores proporções de evangélicos, com 18,3% e 19,1%, sendo Rondônia o estado com o maior percentual de evangélicos do país, com 27,75%.
Nas regiões Nordeste e Sul o evangelho também avançou, só que em proporções bem menores que no restante do país. No Nordeste, devido ao sincretismo religioso que originou o catolicismo folclórico, o evangelho cresceu menos de 10%, e na região Sul, com 13% de evangélicos, o segmento cresceu 20,4%, freado pelo forte tradicionalismo católico dos imigrantes, que resistentem ao evangelho, mas permitem o avanço de religiões não-cristãs, como o espiritismo, que teve um aumento de 44,5%, e as religiões afro-brasileiras, que cresceram 33,6.
Os batistas no Brasil - Dos 26,1 milhões de evangélicos brasileiros, apenas 32,4% pertencem a grupos históricos, como nós batistas. Filiados à Convenção Batista Brasileira, CBB, estão 942.491 brasileiros, distribuídos em 31 convenções regionais, que ao todo representam 0,55% de brasileiros e 3,60% dos evangélicos.
A região Sudeste é a que possui o maior número de membros, com mais da metade dos batistas nacionais, distribuídos em cinco convenções, num total de 533.750 membros. Sendo o Estado do Rio de Janeiro o que reúne o maior número de batistas, com 273.016 membros divididos entre as Convenções Fluminense e Carioca. A região Sul é a que apresenta menor presença batista, com 50.170 membros, que representam 5,32% do total de batistas brasileiros, sendo a Convenção Paranaense a maior da região, com 33.300 membros. O Nordeste abriga 247.053 batistas, em 11 convenções estaduais, com um percentual de 26,21%, sendo a Convenção Baiana, com 97.900 membros, a maior da região, e a Convenção das Igrejas Batistas Unidas do Ceará a mais jovem. As regiões Norte e Centro-Oeste (com Distrito Federal) acolhem, respectivamente, 54.214 e 57.304 batistas, com 5,75% e 6,08%.
Os sem religião também multiplicaram - Nos últimos dez anos também cresceu, em 55%, o número de brasileiros que se declarou sem religião, com 7,3% da população nacional, o que representa mais de 12 milhões de brasileiros
Diante dos dados apresentados pelo Censo, verificamos que no Brasil há 150 milhões de pessoas que ainda não experimentaram o poder transformador do evangelho de Jesus Cristo, sendo que ainda existem inúmeras regiões onde não há qualquer trabalho evangélico. É bem verdade que comprovar o crescimento da população evangélica no Brasil nos anima, mas ainda estamos longe do que desejamos e podemos alcançar na evangelização do nosso país.

3.O BRASIL DO SINCRETISMO RELIGIOSO

O Brasil é um lugar fértil para o surgimento e implantação de inúmeras religiões. Um terra de sincretismo e miscigenação. Da mesma forma como diversas culturas se entrelaçam, temos o mais intrincado sincretismo religioso.
Herdamos dos índios o culto aos antepassados; dos portugueses, o Catoliscimo Medieval misturado com o Satanismo; dos africanos recebemos os orixás.O sincretismo destas religiões indígenas, católicas e africanas, resultou naquilo que chamamos de religião afro-brasileira, prática essa que começou a ser conhecida como baixo espiritismo, Candomblé no sul do Brasil, e Xangô no Norte.
Mas o sincretismo não parou por aí, pois nos meados do século XIX o Kardecismo, conhecido como alto-espiritismo, chegou da França para alcançar os bem letrados, doutores, engenheiros, médicos e a liderança brasileira.
O Kardecismo, embora negue qualquer semelhança com o baixo-espiritismo, tem uma natureza feiticeira, a consulta aos espíritos dos mortos. Desta segunda mistura religiosa resultou a Umbanda.
Analisando nossas raízes, não podemos negar a influência da feitiçaria nas religiões brasileiras. Por isto, que a rigor, quando alguém diz que é católico, pode admitir ser também freqüentador do espiritismo. Há uma relação entre o catoliscimo e o espiritismo, um ponto comum até na adoração de certos santos, e divindades.
A adivinhação, consulta aos mortos, o prognóstico do futuro, magia, fazem parte da religiosidade brasileira, juntamente com a religião caseira, benzimentos, simpatias onde as pessoas leigas invocam poderes para controlar as circunstâncias de sua vida. Falar de aparições, fantasmas, almas penadas, faz parte do cotidiano da grande maioria dos brasileiros. E todas estas práticas são veementemente condenadas por Deus (Dt. 18.9-15).
A Igreja de Cristo é chamada para evangelizar neste ambiente místico (Ef. 6.12). Embora o espiritismo seja o grande comboio que esteja movendo a religiosidade brasileira, o povo, na sua insatisfação, tem buscado também as religiões orientais em diversas expressões, como Budismo, Seicho-No-, Messianismo, etc.Estas raízes religiosas, quase na sua totalidade espírita, têm influenciado nossa cosmovisão, conduta, comportamento, a nação toda. A conseqüência de se lidar abertamente com as forças demoníacas, homenageando-as, é a pobreza, a miséria, a corrupção, a violência, a sensualidade exacerbada, a dissolução de nossa sociedade (Rm 1.18-32).

4.O BRASIL DOS MARGINALIZADOS

Alguns chamam de “pobres”, “miseráveis”, outros “marginalizados”. Nas estatísticas acadêmicas, aparecem como “excluídos”. Nos discursos governistas, são classificados como “menos favorecidos”.
No campo são os “sem-terra”, nos centros urbanos os “sem-esperança”. Já foram chamados de “descamisados” ou “pés descalços”. A designação pouco importa. A verdade é que eles são muitos. De acordo com o IBGE, estima-se em 42 milhões os pobres no Brasil, cerca de 30% da população. Praticamente um terço da população brasileira vive em situação de fome e miséria. O fato mais dramático ainda é que 16,5 milhões de pessoas, 11,9% do total, encontram-se em condições de indigência absoluta. O quadro é ainda mais grave se considerarmos que o Brasil é um dos grandes produtores mundiais de alimentos. Com sua vasta extensão territorial e muita terra fértil, a produção agrícola bate recordes todos os anos. Nossa economia é a 9ª do mundo. Qual o motivo, então, de tanta fome?
A razão principal é que nossa economia está estruturada de forma que beneficia apenas a menor parcela da população. Somos o país com a pior distribuição de renda da América Latina e uma das maiores do mundo. Em termos gerais, cerca de 10% da população detém 42,5% da renda nacional, enquanto 40% dos brasileiros tentam sobreviver com parcos 11,8%. A renda média dos 10% mais ricos é cerca de 30 vezes maior que a dos 40% mais pobres. Para estes nada falta. O pecado da ganância os leva a fechar os olhos para os milhões que, ao seu redor, padecem necessidades das coisas mais elementares da vida.
Os marginalizados são todos aqueles que, embora vivendo na sociedade, deixam de usufruir dos benefícios e dos recursos que ela proporciona. São homens e mulheres, crianças e adolescentes, jovens e adultos, que estão fora do sistema socio-econômico. E neste contexto vemos várias outras duras realidades que apresentam dados alarmantes:
Violência - Um relatório da organização dos Estados Americanos, divulgado em 1997, aponta disseminação da violência por todo o país. Grupos de extermínio e seqüestro no Rio de Janeiro; abuso policial e rebelião de presos em São Paulo; prostituição infantil no Amazonas são apenas alguns exemplos.
Presidiários - Existem no Brasil mais de 190 mil presidiários. E a cada hora, dois novos presos aumentam a população carcerária. São homens e mulheres que vivem na mais miserável situação que o ser humano poderia suportar. São marginalizados socialmente, têm sua personalidade desestruturada, são enfermos quanto ao pecado e quanto à saúde física, pois um grande número está contaminado com o vírus da AIDS e outros tipos de enfermidades.
Sem-terra - De acordo com levantamento de 1995 realizado pelo MST e pelo Incra, existem hoje no Brasil quase 24 milhões de trabalhadores rurais e 244 acampamentos de trabalhadores sem-terra, espalhados por vários estados. Localizadas principalmente às margens de rodovias, as habitações são precárias. De dia, faz um calor infernal e, à noite, muitas vezes, a temperatura cai drasticamente. Vivem nestes acampamentos 41.510 famílias. São crianças de peito e também idosos. São jovens, senhores e senhoras de meia-idade. Todos lutando pela dignidade da vida. Todos batalhando pelo direito justo do pão. Faltam condições básicas de saúde; fome e ameaças de pistoleiros, contratados por donos de fazendas, e da polícia, tornam dura a vida dos sem-terra.
Crianças e adolescentes - De acordo com a Unicef, cerca de 300 mil crianças brasileiras morrem por ano em decorrência da desnutrição. O que significa que em cada mil crianças nascidas com vida no Brasil, 36 morrem antes de completar 1 ano.
Desemprego - O aumento do desemprego e da precariedade do trabalho é uma agravante da situação. No período de 1990-97 houve uma perda de 2 milhões 435 mil 860 postos de trabalho formais no Brasil, e mais da metade da população economicamente ativa está na economia informal.
Enfermos - A crise também atinge a saúde pública brasileira. A cada 14 minutos e meio é descoberto um caso de hanseníase no Brasil: só em 95, segundo dados do Ministério da Saúde, foram identificados 35.906. O número total de doentes chega a 137 mil. A doença tem cura, não mata, mas pode causar seqüelas irreversíveis se não diagnosticada a tempo. Com um mês de tratamento, deixa de ser transmissível. A pior conseqüência, no entanto, é o preconceito em relação à doença conhecida erroneamente como lepra.
Precisamos agir - é neste contexto que o povo de Deus é chamado a atuar. Precisamos romper a barreira da indiferença. Falamos muito, agimos pouco. Cultuamos a Deus enquanto o cheiro da morte nos rodeia. Esquecemo-nos da misericórdia, afastamo-nos de Deus. Precisamos agir através de ações concretas no seio da igreja local, ajudando as pessoas e famílias carentes, através de projetos sociais comunitários onde o amor de Cristo seja demonstrado de forma concreta; através de uma participação mais ampla na sociedade, procurando influir para mudar a estrutura econômica e social de forma a que a justiça seja sua marca predominante.
EXTRAÍDO


Emmanuel Neto Extaído: JMN

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